O Medo
- Kids Love Zen
- 27 de jan. de 2022
- 4 min de leitura

É um estado emocional negativo ou aversivo, com ativação muito elevada, que incita o ato de evitar ou fugir a situações perigosas. Desempenha uma função de sobrevivência, de proteção.
Como se manifesta a nível do pensamento?
Desconfiança
Preocupação
Zelo pela proteção
Como se manifesta a nível fisiológico/ corporal?
Aumento da frequência cardíaca
aumento da respiração
corpo encurvado e encolhido
braços dobrados contra o peito (proteção)
pernas e mão trémulas
Elevação do tom e volume da voz
maior velocidade de fala ou enfraquecimento da voz através da rouquidão
Tremura ou indecisão
Como se manifesta a nível comportamental?
Paralisar
Fugir
Lutar
Nos primeiros anos de vida de uma criança, o medo está muitas vezes relacionado com o receio de perda da figura de referência (nomeadamente a mãe), denominado por "ansiedade de separação". Por volta dos 7/8 meses de vida, com a capacidade de distinguir os rostos familiares, especialmente o da sua mãe, o bebé entra numa fase denominada por "Síndrome da ansiedade da separação" caracterizada pela manifestação, por parte do bebé, de medo ou ansiedade perante a presença de estranhos, ou pessoas com quem tenha menos contacto. Nesta fase, os bebés ainda não adquiriram uma competência: a da “permanência do objeto”, que consiste no saber que, quando algo (ou alguém) sai do seu campo de visão, poderá regressar. Para o bebé, quando isto acontece, ele sente medo por esse objeto deixar de existir.
A partir dos 2 anos, é frequente a criança ter medo de ser abandonada pelos pais e de qualquer separação que possa ocorrer. É também nesta fase que se começa a verificar um aumento do medo dos animais, que costuma durar até por volta dos 4 anos.
Perto dos 3 anos, a imaginação começa a fazer parte do dia a dia da criança ( a imaginação atinge um maior grau de desenvolvimento) e, por consequente, começam a surgir o medo do escuro, dos monstros, fantasmas, ladrões, entre outros. Este é um dos medos mais comuns entre as crianças, sendo transversal a várias culturas e civilizações. Estes medos, geralmente ocorrem entre os 3 e os 6 anos, e é, habitualmente ultrapassado até a entrada para a escola. Tem uma especial incidência na hora de dormir, momento em que a criança se sente “desprotegida”. É precisamente nesta altura "a do ir para a cama", que existe uma separação dos pais, e a criança deixa de sentir a segurança de estar ao lado deles.
Ao chegar aos 6 anos de idade, a criança atinge uma fase de desenvolvimento que lhe permite encarar e questionar, de certa maneira a morte. Esta capacidade, vai fazer com que a criança a comece a ver como algo irreversível, perdendo, em certa parte o seu lado mais imaginativo e assume uma vertente mais concreta. Aqui começa a surgir o medo da sua morte, bem como a das suas figuras de referência. Verifica-se aqui uma transição do medo de separação para o medo de morte.
Nesta fase de entrada para a escola, surgem também medos ligados a esta nova fase da sua vida, bem como aos desafios que advém desta nova experiência. O medo de se expor, de falar em público nas aulas, o de ir ao quadro, o de não ser capaz, entre outros, causam uma certa apreensão às crianças. Aqui os medos assumem uma proporção mais ligados à identidade da criança, à sua autoestima e sentimentos de insegurança. Poderá surgir o receio de ser diferente, ser gozado pelos outros. Nestes casos, é essencial que os pais e/ou educadores saibam escutar a criança, ajudando a compreender esses sentimentos e, acima de tudo, escutá-las e ajudá-las no sentido de encontrar estratégias eficazes para a resolução dos seus medos.
Como podemos ajudar?
É impossível evitar o sentimento de medo por parte dos seus filhos. E na verdade não os devemos privar dessa emoção. Devemos, no entanto, adotar um papel de auxílio na procura de estratégias que permitam à criança lidar convenientemente com os obstáculos que é confrontada, permitindo assim ultrapassar o seu medo.
Quando os pais se deparam com os medos dos seus filhos, naturalmente podem sentir manifestações de confusão e algum desconhecimento sobre a forma mais adequada para lidar com a situação. Antes de procurar as estratégias que facilitem os filhos a ultrapassar esses medos, é fundamental que os pais validem e respeitem os sentimentos destes, e nunca os ridicularizar ou desvalorizar. Os medos são fruto do processo de desenvolvimento da criança, acarretando assim novos desafios. Podem ser encarados como algo positivo, pois vai ajudar as crianças a atingir um nível de maturação que lhes permita enfrentar os medos de forma mais eficaz.
A cumplicidade com os pais beneficia o bem estar emocional da criança. A criança ao ter medo, enfrenta o sensação de não o conseguir ultrapassar, bem como o de ser a única que passou por este sentimento. O facto dos pais relatarem à criança que também eles passaram por situações semelhantes, irá as fazer sentir apoiadas e aceites, transmitindo-lhes que podem vencer os seus medos, tal e qual como os seus pais o fizeram. Procure explorar com os seus filhos, diferentes formas de resolver as situações, podendo também dar exemplos de como conseguiu resolver os seus próprios medos.
Promover o diálogo entre pais e filhos é uma das melhores “ferramentas” que se pode transmitir ás crianças. Essa abertura ao diálogo, permite deixar uma “janela aberta”, para que a criança sinta uma maior facilidade a procurar os seus pais (ou outras figuras de referência) sempre que se sentir ameaçada, ou estiver a lidar com sentimentos perante os quais sente dificuldades em ultrapassar. Só o ato da criança falar e explicar os seus medos aos pais, serve de descompressão, além de que promove uma maior aproximação entre ambos, auxilia na busca conjunta de soluções para os problemas.
Normalmente, numa situação percecionada como perigosa temos tendência a fugir ou a evitar. É muito importante haver aqui uma consciencialização que, só através do enfrentar os desafios, é que conseguimos ultrapassá-los. Aceitando e validando os sentimentos dos filhos, os pais deverão ajudar a criança na procura da forma mais eficaz para a resolução do problema, ao invés de incentivar a fuga, frequentemente a primeira resposta. Os medos, sendo marcadores do desenvolvimento da criança, funcionam como tarefas de desenvolvimento, às quais cabe à criança ultrapassar, resultando na promoção da autonomia da criança, no seu desenvolvimento emocional, que consequentemente se repercute ao nível do seu autoconceito. O enfrentar os medos evita que, a longo prazo, estes possam possuir uma dimensão patológica, chamada - fobias.
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