A Raiva
- Kids Love Zen
- 29 de jan. de 2022
- 4 min de leitura

Emoção ambígua, negativa, caracterizada por sentimento de protesto, frustração, insegurança, timidez, desagrado e grande irritação perante uma pessoa ou um acontecimento que prejudicou, de certa forma, o nosso bem estar. A função chave desta emoção é a destruição. É vivida intensamente mas tem uma curta duração. É uma emoção bastante nociva para o nosso organismo e a mais perigosa das emoções, devido ao seu potencial de violência, mas, também tem um carácter protetor, associada ao conceito de "luta". Sabia? Mesmo integrando no que chamamos emoção negativa, a verdade é que estas emoções foram desenvolvidas fisiologicamente, para que a nossa espécie fosse preservada.
Quando experienciamos esta emoção, os sentimentos agregados à raiva potenciam uma ação, permitindo uma defesa daquilo que acreditamos ( como por exemplo, agir perante uma situação de perigo). Pode-se dizer então, que, uma raiva moderada poderá nos ajudar a pensar no que não está a correr tão bem na nossa vida, motivando-nos a encontrar soluções para os nossos problemas. A raiva, permite também descarregar energias de tensão que se encontram acumuladas em nós. É de facto, por estas razões, uma emoção protetora, pois não tem como propósito a destruição de tudo e todos á nossa volta, mas sim, como referi anteriormente, proteger aquilo que é importante para nós.
É importante valorizar quando a Raiva é sentida de uma forma descontrolada, pois interfere diretamente nas pessoas que nos rodeiam. No entanto, esta emoção não deverá ser interiorizada, já que se o fizermos a longo prazo, poderá dar lugar a quadros depressivos e de ansiedade. Esta emoção, quando descontrolada e vivida de uma forma constante, torna-se também prejudicial à nossa saúde física e psicológica, devido à secreção elevada de Cortisol (Hormona do stress). Quando esta hormona é libertada em excesso, pode destruir neurónios que estão ligados à memória de curto prazo, enfraquecer o sistema imunitário e alterar a nossa capacidade de julgamento.
A nível fisiológico manifesta-se:
Aumento da frequência cardíaca
Aumento do tónus muscular (hipertonia)
Aumento da frequência respiratória
Maior tensão cognitiva (agir sem pensar)
Aumento de adrenalina
Agitação interior
Sendo então uma emoção protetora, quer dizer que uma criança que a experiencia de forma regular, também se sente ameaçada de forma recorrente e a sua intensidade também estará comprometida pela a ameaça apreendida (quanto maior a ameaça, maior a intensidade da raiva). Mas nem sempre existe um perigo real para experienciarmos esta emoção. Muitas vezes, surge da própria pessoa e não do ambiente que a circunda. Por exemplo, temos uma criança que recentemente teve um irmão. Esta criança irá sentir à partida, ciúme. E o que é o ciúme neste caso? É o medo de perder a atenção dos seus pais. Ao sentir o medo de perder alguém que ama para outra pessoa, neste caso para o seu irmão, a criança irá se sentir ameaçada, passando a sentir raiva do irmão, porque o vê como um rival. No entanto, isto não é uma ameaça real, é algo que a criança sente na sua cabeça. Este tipo de raiva não tem qualquer justificação, e como tal poderá influenciar negativamente a relação desta família.
É uma emoção bastante experienciada pelas crianças, não só pela sua imaturidade a nível cerebral (maturação cerebral), mas também por episódios recorrentes de frustração (típico nas crianças, despoletada quando por exemplo lhes pedimos para fazer algo que elas não querem). É necessário esta emoção ser gerenciada pelos pais, atribuindo ferramentas á criança de autocontrolo. Deve haver também por parte dos pais, uma atenção nos casos frequentes, após os 4 anos de idade, pois podem estar relacionados, segundo a Escola de Medicina de Yale, a outras condições de saúde mental, como TDHA (Transtorno de défice de Atenção), autismo, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) ou Síndrome de Tourette.
Normalmente, o estado de "birra" está associado a experiências desta emoção. Qualquer pai, tem um sentimento de frustração quando vivencia este comportamento descontrolado. Mas o importante é, enquanto pais e/ou cuidadores termos a noção de que parte de nós essa autorregulação. Tentar controlar esta emoção com punições ou de forma violenta irá enfatizar o estado emocional experienciado. Quando você tem uma atitude destas com o seu filho, só lhe está a demonstrar que não consegue controlar os seus próprios sentimentos e certamente não o estará a transmitir a calma que ele necessita. Nestas situações, o melhor é o diálogo. De que forma poderemos ajudar?
Converse com ele de forma agradável. Escute-o de forma ativa. Pergunte o que pode fazer para o ajudar.
Separar sentimentos de comportamentos - Viver esta emoção é válido (valide a emoção dele), mas comportar-se de forma agressiva ou prejudicial não.
Seja paciente, mas não permissivo (as crianças necessitam também de limites bem claros para ajudar a compreender que por vezes os seus comportamentos comprometem os que estão á sua volta).
Ajude-o a acalmar. Existem diferentes formas, mas a melhor será o controlo da respiração ( a criança coloca o dedo indicador da mão direita na base exterior do dedo mindinho. O indicador vai percorrer desde a base até ao topo do dedo e aí pede-se á criança para inspirar, continua a percorrer o mesmo dedo mas agora descendentemente e pede-se para expirar. Deve-se repetir este processo por todos os dedos, ascendente inspira, descendente expira). Este exercício permite baixar a frequência cardíaca e respiratória, baixando os níveis de cortisol.
Espero que tenham gostado.
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